Desafios para o lojista de shopping em 2023
- Daniel Prado
- 14 de dez. de 2022
- 2 min de leitura

O lojista de shopping center viveu um ano de 2022 de expectativas após a plena retomada do comércio. A principal delas é sobre a retomada de vendas, com a estimativa de aumento de 18% na comparação com 2019, como destacado pela Aloshopping em seu portal, ao citar matéria do UOL ainda em outubro. Esse ponto é muito importante, pois reflete a retomada do consumo presencial após dois anos de fortalecimento das vendas online na pandemia.
Mas é importante questionar: essa expectativa se converteu em resultado positivo para o lojista? Um primeiro dado importante sobre o aumento das vendas em shoppings é que ela ocorreu a despeito do número de frequentadores dos malls ter diminuído – ou seja, menos pessoas estão comprando mais, o que pode ser um movimento atípico após a retomada do comércio. Principalmente porque quem deixou de frequentar os shoppings está consumindo mais online, em um aumento de 6% no comparativo entre os primeiros semestres de 2022 e 2021, conforme o último relatório da NielsenIQ.
Nesse cenário, o primeiro desafio do lojista em 2023 é buscar a consolidação do volume de vendas, atraindo público online para compras físicas. Infelizmente, muito dessa captação de público depende das campanhas de marketing elaboradas pelo empreendedor, que recebe para isso altos encargos e também verba a título de fundo de promoção, sem qualquer garantia de efetividade. A depender exclusivamente dele, não custa lembrar que, durante a pandemia, as medidas adotadas em geral consistiram em reduções condicionais do aluguel, sempre sujeitas a revogação, além de inflexibilidade no reajuste do aluguel com base em elevado IGP-DI por dois anos seguidos, o que aumentou seu lucro em mais de 50% nos últimos dois anos, sacrificando muitos negócios e empregos.
Como a recuperação de receitas não acompanhou, na mesma proporção, o enorme aumento de despesas locatícias, o segundo desafio do lojista é buscar o melhor caminho para reduzir seu custo de ocupação. Para aqueles contratos que já possuem mais de três anos de vigência é possível avaliar seu enquadramento na média de mercado e buscar sua revisão. O mesmo vale para os contratos que estão no último ano de vigência, que é crucial para negociar com o empreendedor a renovação do contrato e a permanência do negócio no mall.
O certo é que os lojistas contem, em ambas as hipóteses, com profissionais técnicos que sejam capazes de avaliar a posição de mercado da loja, bem como as implicações jurídicas específicas de cada situação. Afinal, seu maior patrimônio sempre será seu fundo de comércio, local onde a clientela é fidelizada e onde a marca firma sua memória.
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