A voracidade dos shoppings está com os dias contados
Cássio Andrade
4 de fev. de 2020
2 min de leitura
Atualizado: 5 de fev. de 2020
O leitor deste artigo o lê após o aquecimento do mercado no fim de 2019, quando é bombardeado com a publicidade inerente da época. Tanto a publicidade física, quando se depara com promoções de um shopping center, por exemplo, quanto a virtual, quando os complexos algoritmos das redes sociais encontram o seu perfil. Portanto, não há momento melhor para rever alguns conceitos e questionar: os shopping centers cairão em desuso?
Esta é uma pergunta cuja resposta interessa, sobremaneira, ao lojista. Principalmente porque, se está instalado em um shopping center, sua receita aumentou no Natal, mas sua despesa também, e (des)proporcionalmente, quando foi obrigado a pagar ao empreendedor, que é seu locador, um aluguel extra, quiçá o 15º do ano, e com base em seu faturamento. Arcou também com fundo de promoção, participando do rateio da decoração e promoção de Natal específica do shopping. Isso tudo sem contar outras obrigações contratuais acentuadas na época.
Mas eis que o mundo vivencia a era do comércio digital, campo onde o consumidor recebe publicidade apenas do que é de seu interesse, ficando a um clique de adquirir seu produto. Tal praticidade mudou a forma do lojista atuar, e muitos segmentos, de produtos e serviços, já nem possuem mais uma loja física, pois faturam apenas com vendas online. Nesse modelo, o lojista não arca com despesas de um espaço, como o do shopping center, tampouco passa pelo dissabor de ter que cumprir com obrigações impostas de forma unilateral por seu locador/empreendedor. E melhor: a receita é somente sua.
Salta aos olhos a eficiência do segundo modelo, pela conveniência ao lojista e ao consumidor, o que leva a crer que os shopping centers, ao menos os de modelo tradicional, estão com os dias contados. Por isso, em todo o mundo, os shopping centers estão tentando mudar seu conceito, buscando interatividade maior com o consumidor e com o lojista. Alguns até mudaram seus nomes de shopping ou mall para town ou village, com o objetivo de tirar a ideia exclusiva de consumo, para ser referência de interação com o público. Afinal, a vida é vivida offline.
O certo é que há necessidade de adaptação e isso passa pela relação empreendedor-lojista, que nunca foi democrática, tampouco equilibrada. O diálogo entre ambos precisa existir para que os benefícios sejam distribuídos de forma satisfatória. Do contrário, o lojista buscará a saída mais viável fora do shopping, e o consumidor, ao final, perderá boas alternativas offline e presenciais neste mundo cada vez mais virtual, intangível.
Comentarios